Pular para o conteúdo principal

Destaques

As inacreditáveis ondas cerebrais de meditadores de alto nível

Um estudo conduzido pelo neurocientista Richard Davidson, da Universidade de Wisconsin (EUA), descobriu que pessoas que meditaram por milhares de horas exibem uma diferença notável em suas ondas cerebrais em comparação com a média das pessoas O psicólogo Daniel Goleman, que coescreveu “Altered Traits” com Davidson, explica melhor o que isso significa: Sem precedentes O neurocientista trouxe meditadores de alto nível, que vivem tipicamente no Nepal ou na Índia, alguns na França, para o seu laboratório em Wisconsin. Usando scanners cerebrais, realizou testes avançados com os indivíduos, alcançando resultados surpreendentes e sem precedentes na ciência. Por exemplo, Davidson descobriu que as ondas cerebrais dos meditadores são realmente diferentes da média. Talvez o achado mais notável tenha a ver com o que é chamado de “onda gama”. Todos nós obtemos ondas gama por um período muito curto. Digamos, logo quando resolvemos um problema, os cientistas podem detectar cerc...

Meditação para o alcance do Samádi


 
Todos os Budas e todos os protetores do verdadeiro Darma são puros em corpo, fala e mente. Como resultado, são puros em moralidade, samádi e sabedoria. Dessa forma, conquistam a libertação e a compreensão perfeita.
Sutra Mahasamnipata
 Significado do samádi
Samádi é um termo sânscrito que significa “concentrar-se”. A palavra em chinês para esse conceito tem a conotação também de “estabelecer” ou “firmar”. Samádi denota um estado meditativo caracterizado por tranquila imperturbabilidade. Sensações externas não conseguem perturbar quem esteja em samádi. Esse estado mental sem dualidade é um dos atributos do dharmakaya, o corpo espiritual de um Buda. A sabedoria do Tathagata baseia-se no samádi.
Meditadores que sabem como entrar em samádi conquistam grandes poderes. Não se distraem facilmente e conseguem trabalhar com grande energia e determinação. Esse estado peculiar favorece a descoberta da sabedoria e a percepção do próprio Tathagata. A força e a sabedoria ganhas no samádi são as duas mais importantes ferramentas para quem almeja a iluminação.
São tão maravilhosos seus efeitos que o samádi se tornou elemento importante de todas as escolas do budismo. A meditação não é uma prática exclusivamente budista. Na época do Buda Shakyamuni (séculos IV-III da Era Comum), muitas pessoas na Índia sabiam meditar. As técnicas de meditação budista começaram a chegar à China no fim do século II da Era Comum e gradualmente se mesclaram com as técnicas locais, produzindo uma tradição de meditação que se enraizou profundamente em ambas as culturas.
De acordo com Zong-mi (780-841), Mestre Chan (zen) da Dinastia Tang, existem cinco tipos de samádi:
1. Samádi comum
Esse tipo carece de qualquer sabedoria religiosa ou filosófica. Seu valor reside unicamente em sua capacidade de auxiliar na cura doenças e fortalecer a mente. Os indivíduos que praticam esse tipo de samádi ignoram os níveis mais profundos da meditação e, portanto, sua prática não tem poder algum de livrá-los do ciclo de nascimento e morte.

2. Samádi não budista
A prática da meditação pode derivar muitas recompensas e percepções para pessoas que não são budistas. Contudo, como elas não percebem o inerente vazio de todos os fenômenos, não alcançam os níveis mais elevados de compreensão. Sua prática pode levá-las a renascer no paraíso, mas, quando seu carma lá se extinguir, caem novamente nos planos mais inferiores de existência.

3. Samádi hinaiana
O termo hinaiana significa “pequeno veículo”. Samádi hinaiana é expressão utilizada para descrever a prática de budistas que sabem como ajudar a si próprios, mas não têm capacidade ou disposição de ajudar os demais. Esse tipo de samádi é melhor que o comum e que o não budista, por se basear nos ensinamentos do Buda, mas, porque é fundamentalmente individualista, não é o mais elevado.

4. Samádi maaiana
O termo maaiana significa “grande veículo”, expressão que denota a preocupação do praticante budista com o bem-estar dos demais, tanto quanto com o seu próprio. De fato, aquele que chega ao samádi maaiana conhece muita coisa e compreende a natureza da ilusão, da não dualidade, do vazio, da necessidade de compaixão e de todas as outras ideias profundas constantes do ensinamento do Buda. Seu samádi beneficia a si próprio e aos demais simultaneamente. É um estado grandioso.

5. Samádi supremo
Este é o samádi dos Budas; todos os Budas do universo o conhecem. É o mais puro e sublime estado de consciência possível.

Quem quiser realizar alguma coisa neste mundo deve empregar a mente como um todo ou não terá sucesso.
Não seria então muito mais importante praticar o samádi no profundo caminho do Buda?
Tratado sobre a Perfeição da Grande Sabedoria

Como alcançar o samádi
A melhor forma de chegar ao samádi é aprendê-lo através da meditação sentada. Essa prática, quando realizada por tempo suficientemente longo, ensina o praticante a entrar em samádi enquanto caminha – seja por um bosque, seja acompanhando um regato na montanha ou atravessando uma campina. Logo que essa capacidade é conquistada, torna-se possível entrar em samádi mesmo numa rua movimentada, no meio de uma cidade barulhenta. No início, os estados de samádi mostram-se frágeis, mas se fortalecem muito com a prática.
Para começar, aprende-se a entrar em samádi em um ambiente tranquilo, com poucas distrações. A luminosidade deve ser suave, mas sem mergulhar o ambiente em total escuridão, pois isso induziria ao sono. Pode-se ter um altar com a imagem do Buda na sala de meditação, fazer reverência e acender incenso antes da prática. Deve-se acalmar os pensamentos ao acender o incenso e focar a atenção no Buda. Não convém que o local escolhido para meditar seja exposto ao vento nem ao sol; e a sala não deve ser úmida. O objetivo da meditação é elevar a consciência, e não provocar doenças.
É indicado usar roupas largas e confortáveis para meditar. O estômago não deve estar cheio. Depois de uma refeição, é melhor esperar no mínimo uma hora antes de meditar. Para evitar sonolência, a pessoa não deve meditar se estiver cansada.
Em geral, a meditação envolve três áreas: o corpo, a respiração e a mente. Aprendendo a controlar e tranquilizar esses três elementos do nosso ser, aprendemos a perceber a impressionante beleza do Buda que já habita em nosso interior.

A grandeza do samádi assemelha-se à grandeza de um rei, porque o samádi tudo governa.
Sutra Mahaprajnaparamita

Do livro Purificando a Mente – A meditação no Budismo Chinês,
Venerável Mestre Hsing Yün, Editora de Cultura, São Paulo, maio de 2004.

Comentários

Postagens mais visitadas